12 de abril de 2009

Você já foi ao Peru?


Saudades da Panair.
Não. Então venha. Venha depressa., pelo primeiro transporte , melhor se pela Panair ,que é a única das empresas brasileiras que mantêm uma linha regular sobre os Andes e possui aqui,para cumulá-lo de gentileza o Rubens Scardigli. A viagem lhe parecerá longa, ás vezes monótona. Depois de São Paulo e do pantanal mato-grossense , você terá de enfrentar a famosa cordilheira Sua primeira impressão é de desencanto. Os Andes não são isso que você pensa .Isso que minha ignorância temia que fosse. Uma sucessão de montes, obrigando o aparelho a subir e a descer , escolhendo os espaços mais seguros. Nada disso. Tudo não passa de um infindável plateau ao menos no trecho em que os sobrevoamos . Mônica uma aeromoça jovial e bonita, lembra-nos, com seu sorriso formoso a primavera que deve haver no coração dos que , ainda nas asperezas , amam e são amados . Afinal chega o Pacífico. Mas o panorama se modifica um pouco muito pouco. Quando Lima aparece distante, ninguém acredita que se tenha podido plantar, a margem de tão extenso deserto , cidade tão fresca, tão acolhedora, tão oásis . E eis-nos chegados , como um punhado de pássaros que houvessem encontrado aberto, por acaso, a porta do viveiro . Cada um de nós e somos doze os da delegação, sente uma vontade de correr ao telégrafo e enviar a alguém , no Brasil um aviso de que chegamos bem . Mas a quem telegrafarei Senhor Deus dos homens sós?
Devo a Angyone meu constante amor pelo Peru, por seus encantos , pela arte de suas igrejas, pela perenidade de seus monumentos históricos,pelos traços milenário de sua civilização, pelas velhas histórias de vice-reis e de mulheres enamoradas , por tudo, quando ele viu e escreveu , com aquela segurança e austeridade , que caracterizam sua obra e marcaram sua nobre vida.
As rua largas e limpas , a temperatura amena , um sol que não queima , uma chva que não existe a 86 anos seguidos. Mas os jardins estão floridos porque a natureza premia , as manhãs com um orvalho mais demorado , que basta para manter belas as flores ,que vivem nos parques públicos, nos floreiros de prata , no riso das mulheres felizes. Essa extensa avenida de cinco quilômetros tão larga quanto a Presidente Vargas , e que liga a cidade de Lima a Magdalena , é a Avenida do Brasil, o que por si só diz da estima espontânea com que, em toda a parte , e em todas as camadas sócias, o povo peruano fala e pensa no Brasil. Recordo-me então que no Rio de Janeiro, só uma transversal igual a tantas recorda esta grande República, que nos recebe como se fôramos peruanos, como se os Andes não nos separassem, mas – tivessem a tarefa de unir-nos .Se você ainda não veio ao Peru, venha. E voltará sempre, que aqui você se sentirá como se estivesse em sua própria casa.
Nelson Carneiro


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